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Ibope questiona dados do YouTube e mantém TV aberta na liderança

Ibope questiona dados do YouTube e mantém TV aberta na liderança

Na última semana, uma divergência significativa sobre métricas de audiência emergiu entre a Kantar Ibope Media e o YouTube, instigada por declarações

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Na última semana, uma divergência significativa sobre métricas de audiência emergiu entre a Kantar Ibope Media e o YouTube, instigada por declarações feitas pelo Google — responsável pela plataforma de vídeos online — em um evento voltado ao mercado publicitário.

Segundo o Google, dados atribuídos à consultoria indicariam que o YouTube superaria as emissoras de TV aberta brasileiras em termos de visualizações. A Kantar Ibope, no entanto, contestou essas alegações, esclarecendo o uso incorreto dos dados.

De acordo com a Kantar Ibope Media, a alegação de que há mais adultos assistindo ao YouTube semanalmente do que nas principais emissoras se refere ao Target Group Index (TGI). Este é um indicador que avalia comportamentos de consumo, baseado em informações fornecidas por consumidores em pesquisas. Diferente das métricas tradicionais de audiência, o TGI não captura visualizações reais de conteúdo em tempo real, mas sim hábitos relatados, portanto não serve como ferramenta formal de medição de audiência.

A Kantar Ibope destacou ainda que as métricas de audiência auditáveis são determinadas pelo Painel Nacional de Televisão e pelo Cross-Platform View. Estes, sim, oferecem números concretos e verificáveis sobre o consumo de vídeo em diferentes plataformas, diferenciando-se das estimativas feitas a partir do TGI.

A declaração do YouTube, que incluiu dados sobre sua posição como o principal serviço de streaming em televisores conectados, também foi analisada criticamente. A Kantar Ibope elucidou que esses dados não incorporam dispositivos alternativos de visualização, como smartphones e computadores. Além disso, a afirmação de que 75 milhões de pessoas assistem ao YouTube na TV provém de dados internos da plataforma, que não são corroborados por medições independentes.

Em reação à controvérsia, a Globo e outras associações de radiodifusão como a Abert e a Abratel enfatizaram a necessidade de empregar apenas dados auditáveis e independentes na avaliação comparativa de audiência entre TVs e plataformas digitais. Destacaram ainda a importância de se estabelecer critérios padronizados para evitar a proliferação de interpretações unilaterais e possivelmente enganosas.

A divergência ilustra desafios persistentes na integração de métricas de audiência de TV e plataformas digitais, especialmente à medida que o consumo televisivo e online passa a coexistir em maior extensão. A Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) e a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) já estão envolvidas em discussões para desenvolver padrões consistentes através do Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário, o Cenp.

O YouTube se posicionou afirmando que sua análise reflete o consumo domiciliário, propondo construir uma imagem mais abrangente do comportamento do usuário através do painel TGI. Esses esforços, no entanto, frisam a diferença entre dados de consumo declarados por usuários e métricas de audiência tradicionais, evidenciando a complexidade em navegar entre estas duas formas de medição para garantir precisão e comparabilidade.

A busca por uma visão consensual e precisa sobre o panorama da audiência de vídeo no Brasil continua. O andamento das discussões promovidas pelas entidades de mercado devem desempenhar um papel crucial na determinação de como dados de registros declarativos e bases auditáveis poderão ser harmonizadas. A capacidade de fornecer uma comparação justa e transparente entre mídias tradicionais e novas plataformas permanece um componente essencial para a integridade do mercado publicitário e para o entendimento do real impacto das diferentes formas de consumo de mídia pelos brasileiros.

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